01 novembro 2014

Wildest Dreams



Andei por aquela estrada sem fim, só era possível enxergar o horizonte que me chamava para fugir de todos os sentimentos que larguei para trás e assim a neblina começou a pairar a minha volta, cheguei a pensar que estava sendo abraçada pelos seus braços mais uma vez, mas era apenas uma ilusão que qualquer mínimo calor que eu sentisse me confortava naquele frio. Como isso podia ter acontecido?

Lembrei-me daquele dia em que deitados estávamos na sua cama e você me chamou para fugir desse mundo pela primeira vez, você disse “vamos sair desse lugar, dirigir para fora dessa cidade e bem longe das pessoas que nos julgam, vamos ser livres num lugar só nosso”, pensei que a vida não poderia ser mais perfeita, mas seu corpo me cobriu junto com seu calor e eu já estava ofegando do quanto aquele momento era tudo para mim.

Notei, olhei, senti, saboreei e não me cansei, não era possível. Quando te assisto só consigo pensar “ele é tão alto e demoníaco capaz de controlar a escuridão dentro de mim, ele é malvado na quantia certa transformando tudo que era condenado a pecado, mas pedia para se cometer”... Seus músculos bem torneados a minha volta, seu ritmo me preenchendo a cada segundo sem deixar falhas e sua boca em meu pescoço me fazia questionar como isso podia ter acontecido pela primeira vez.

Mas aqui eu andava sozinha, já era tarde e o horizonte continuava esperando por mim. Pensei estar fazendo o certo, meu corpo só queria refúgio das lágrimas que se acumulavam a cada segundo em meus olhos pedindo para caírem, não podia estar tão errada. Seu corpo forte, seus olhos verdes, suas mãos grossas, seu queixo pedindo para ser beijado e seus lábios que tanto adorei contra minha pele... Só peço para que se lembre de mim naquele vestido de bolinhas que você tanto amava desfazer o laço, mas, por favor, me coloque num pedestal, quero que na sua memória fique apenas a imagem da menina observando o pôr do sol, quase uma poesia.

- Por favor, diga que irá me ver de novo, nem mesmo que seja nos seus sonhos mais selvagens.

Tinha que sussurrar e implorar ao mundo, pois não era fácil esquecer aquelas mãos em meu cabelo me puxando para os beijos mais fortes e pesados de desejos, muito menos de como muitas coisas aconteceram também em meu quarto, acho que só consigo me lembrar da felicidade que sentia quando me levantei e segui a trilha de nossas roupas jogadas no chão do meu apartamento. Ninguém precisa saber o que fazemos, mas com certeza fizemos tudo que nos proibiram e posso garantir que foi o maior prazer.

Seus grandes olhos verdes me cobriam e sempre soube que você me olhava como uma luz intensa a toda confusão que cometemos todas as noites, tardes e manhãs. Era tão violento que meu folego sumia e nunca tive problemas, apenas você podia me manter viva. A maior chama daquela fogueira da minha sala era tudo em que nos transformamos, talvez até mais intenso.

- Espero que essas memórias te sigam por toda parte pelo resto de sua vida.

Nunca esquecerei como você era alto e lindo como um inferno, tão mal de um jeito bem feito e agora ao pensar no nosso último beijo só te peço para que lembre-se de mim naquele belo vestido observando o por do sol, meus lábios vermelhos e as bochechas que você tanto adorava quando roseadas ficavam, então me prometa que irá me ver de novo, nem mesmo que seja nos seus sonhos mais selvagens.

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